Vamos conhecer Paola Proietti, voluntária QE no âmbito do Corpo Europeu de Solidariedade
Ao longo do ano letivo 2022/2023, a Associação QE tem contado com um grupo de voluntários de nacionalidades e percursos diversos, no âmbito do programa de voluntariado do Corpo Europeu de Solidariedade.
O contributo que, diariamente, cada um destes voluntários dá às dinâmicas vividas no Centro de Atividades e Capacitação para a Inclusão, tem elevado impacto no bem-estar dos jovens e adultos com deficiência intelectual que com eles convivem e partilham experiências. As várias atividades que estes voluntários têm promovido, têm-se revelado momentos únicos de partilha, de amizade e de reforço de laços sociais.
O Corpo Europeu de Solidariedade é financiado pela Comissão Europeia.
De onde vens, Paola? Conta-nos um pouco do teu país.
Sou de Itália, mas nasci na Colômbia, um país lindo, onde vivi apenas nos meus primeiros 6 anos. Moro em Itália há 15 anos, perto de Roma que é realmente uma cidade mágica. Quando andamos em Roma sentimos que estamos num filme histórico. Gosto muito de sentir isso e gosto também muito do povo romano, é um povo muito expressivo e apaixonado. (Daje Roma!). Há 4 anos mudei-me para Turim para continuar a estudar Psicologia, cidade que também gosto muito. Turim, foi a primeira capital italiana. É uma cidade preciosa e simultaneamente inovadora. As pessoas de Turim são muito diferentes dos habitantes de Roma e existe um ditado popular para descrevê-los e é bem verdade: “piemontesi falsi e cortesi” (pessoas piemontesas falsas e corteses)
Porque decidiste vir fazer voluntariado com pessoas com deficiência intelectual?
Sou psicóloga e em Itália trabalho num centro para pessoas com deficiência. Decidi candidatar-me a este projeto porque quero melhorar os meus conhecimentos nesta área e acredito que observar outra metodologia de trabalho, num país diferente com certeza ajudará na minha missão.
Como é o teu dia a dia na Associação QE? Alguma atividade na qual mais gostes de participar?
Durante a semana participo em atividades como psicomotricidade, relaxamento, reabilitação cognitiva, jogo da memória, treino cognitivo, arte e atividades desportivas como equitação e hidroterapia. Estas duas últimas atividades, equitação e hidroterapia, são as atividades nas quais mais gosto de participar. Em Itália também trabalhei nestas atividades e gosto muito.
Queres partilhar o que já descobriste relativamente às pessoas com deficiência intelectual?
Penso que podemos refletir sobre nós mesmos em cada um deles. Descobri partes de mim em muitos clientes da QE, com alguns deles criei uma boa relação e é com eles que mais gosto de estar, e todos os dias tento dar o meu melhor para ajudá-los. Mas não consigo criar uma relação mais próxima ou mais forte com todos, o que me faz perceber que por vezes é impossível ajudar todas as pessoas e eu aceito isso.
O que mais te surpreendeu ao lidar com pessoas com deficiência?
A sua imprevisibilidade e temos de estar disponíveis para isso.
Qual o maior desafio que te surgiu até agora na Associação QE?
Conseguir estabelecer uma boa comunicação com os clientes para poder realizar cada atividade com eles e para me conseguir expressar e ser compreendida.
Existe alguma conquista ou contribuição de que mais se orgulha, até agora, durante o seu voluntariado na Associação QE?
O tempo que passo na Hidroterapia. Sinto-me bem na água e sinto que os clientes também se sentem bem comigo. Tenho orgulho disso.
Algo que consideres que as pessoas deveriam saber sobre a Associação QE e sobre as pessoas às quais a QE presta apoio? O que considero serem as mais valias da QE – a forma como os espaços estão organizados, a existência de diferentes ateliers e espaços, a sua arquitetura, ideias muito interessantes! O facto dos grupos que participam nas diferentes atividades variar de hora a hora, também é um factor diferenciador. A existência de áreas verdes dentro da QE e por esse motivo sentimos que estarmos literalmente no meio da natureza transmite a todos uma mensagem de liberdade e bem-estar e que certamente que ajudam os clientes ao iniciar o seu percurso no QE. Acho que uma troca de experiências com diferentes centros de outros poderia ser interessante.
Algum conselho que darias a quem esteja a considerar fazer voluntariado com pessoas com deficiência intelectual?
Ouçam-se a si mesmos e aos vossos sentimentos pois se por acaso tentarem fazer voluntariado junto desta comunidade e sentirem depois que não o local indicado para vocês, está tudo bem, devem aceitar isso naturalmente.
Somos todos diferentes e haverá sempre algo que não podemos fazer.
Qual o impacto que pensas que o teu Voluntariado terá nas pessoas apoiadas pela QE e com as quais tem estado diariamente?
Espero uma boa troca de sentimentos e espero também que os meus conhecimentos nesta área possam ajudar não só os clientes, mas também a equipa técnica (educadores) e vice-versa.